Registro da cópula ocorreu no reservatório da Usina Hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo/AM.
Por Aline Cardoso – Ascom Ampa
Um raro registro em vídeo de cópula de botos-vermelhos (Inia geoffrensis) em vida livre foi feito no dia 23 de novembro, em Balbina, no município de Presidente Figueiredo, distante 107 quilômetros da capital Manaus. As filmagens foram feitas pelo diretor executivo da AMPA, Ricardo Romero, enquanto mergulhava em atividade de lazer no reservatório.
Rio Uatumã, barragem e reservatório da UHE de Balbina.
“Havia alguns botos nadando próximos ao restaurante do Mirandinha, como normalmente acontece. Eu, junto a 3 outros amigos, decidimos nadar ali perto deles e buscar uma interação. Quando vi, eu estava longe dos amigos e com 4 botos interagindo comigo. Nadaram, brincaram e foram para longe. Logo depois vieram estes 2 indivíduos e começaram a se acariciar, então liguei a câmera e para minha surpresa, registrei a cópula entre eles. Foi emocionante.” afirmou Romero.
A cópula de golfinhos é um evento difícil de ser registrado, porque além de ocorrer embaixo da água, é muito rápido. Nas águas turvas da Amazônia esse evento é ainda mais difícil de ser observado. Essa é a primeira vez que é feito um registro de cópula dos golfinhos da Amazônia na natureza. Clique aqui para acessar o vídeo.
Momento do registro da cópula dos botos-vermelhos.
Os botos apresentam um comportamento reprodutivo promíscuo, no qual vários machos copulam com a mesma fêmea. Após o acasalamento, a fêmea gesta um único filhote, com o período de gestação que dura cerca de 12 meses. O filhote passa um período de aproximadamente 2 anos com a mãe para a amamentação e para aprender a viver nos rios da Amazônia.
A reprodução extremamente lenta somada à matança indiscriminada para servir de isca para a pesca da piracatinga são fatores que contribuem para o risco de extinção da espécie, considerada como “Em Perigo” (EN) pela lista internacional de animais ameaçados (IUCN).
A população existente no reservatório de Balbina está isolada pela barragem hidrelétrica há mais de 30 anos e os efeitos dessa fragmentação do habitat estão sendo estudados por pesquisadores do Inpa/MCTIC, em parceria com a AMPA, no âmbito do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia.
Sobre
o Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia
O Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, é executado pela Ampa e tem como seu principal parceiro o Inpa/MCTIC.
O Projeto tem como principal objetivo proteger as espécies de mamíferos aquáticos e os ecossistemas aquáticos da Amazônia por meio de estudos científicos e da integração com as comunidades ribeirinhas, que aprendem a utilizar de forma sustentável os habitats, e dessa forma atuam na conservação destas espécies vulneráveis, presentes na lista vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).