Lontra

Lontra Neotropical (Lontra longicaudis)

A lontra é menor que a ariranha, chegando a medir 1,4 metros de comprimento e pesar 15 kg. Suas fezes são normalmente encontradas sobre pedras e troncos de árvores caídos e são depositadas próximas a tocas, locais de descanso e rampas de acesso a trilhas.  As fezes e urina têm relevante importância na marcação territorial. É um animal silencioso e bastante tímido em seus hábitos, e portanto, difícil de ser observado em ambiente natural. Este é um fator limitante para os cientistas na tentativa de coletar informações sobre a biologia e ecologia da espécie.

A lontra é a espécie de mustelídeo mais amplamente distribuída na América do Sul. Originalmente, a espécie apresentava distribuição do México até o norte da Província de Buenos Aires na Argentina, passando por todos os países das Américas do Sul e Central, com exceção do Chile. Pode ocorrer em ambientes aquáticos continentais e marinhos até 3.000 metros de altitude. No Brasil, possui ampla distribuição ao longo dos biomas Amazônico, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos, ocorrendo em quase todos os corpos d’água, como rios, riachos, lagoas e áreas costeiras com disponibilidade de água doce.

Alimenta-se principalmente de peixes e crustáceos. É um animal solitário, embora casais possam ser vistos juntos na época reprodutiva, além de fêmeas com filhotes. A reprodução pode ocorrer em qualquer época do ano, a gestação dura em média três meses, nascendo de 1 a 5 filhotes, que ficam sob os cuidados da mãe durante o primeiro ano de vida. Os filhotes nascem cegos e iniciam suas atividades aquáticas com aproximadamente 74 dias.

Dados de abundância e densidade existentes apenas para pequenas localidades, dificultando qualquer inferência populacional para a espécie. Entretanto, existem fortes indícios de declínio populacional em todo território brasileiro em consequência da degradação dos principais habitats, como margens de rios e lagoa.

A espécie vive em locais próximos a diversos tipos de corpos d’água. Habita principalmente ambientes de águas claras, e parece estar limitada à presença de corredeiras. Podem viver em áreas de florestas, que detenham locais com potencial para tocas e áreas de descanso.

Apesar de apresentar forte dependência de corpos d’água, algumas atividades da espécie são realizadas no ambiente terrestre, como por exemplo, sinalização odorífera, reprodução, descanso e cuidado parental. Marcações odoríferas são um importante mecanismo de comunicação para a espécie. Em alguns biomas, a lontra e a ariranha vivem em simpatria. No entanto, a competição é reduzida devido às diferenças na preferência de habitats e tamanho na escolha das presas.

A lontra que vive nos rios da Amazônia é a mesma que ocorre em ambientes costeiros marinhos. Outra curiosidade é que o macho não ajuda na criação dos filhotes.

No passado, a lontra foi caçada intensamente devido a comercialização de suas peles, resultando em possíveis extinções locais ao longo de sua área de distribuição. Atualmente, outros fatores como abate por retaliação ao conflito com a pesca, perda e degradação do habitat são ameaças reais para a espécie. A escassez de informações sobre a lontra dificulta inferências mais robustas sobre o grau de ameaça real sofrida pela espécie. Contudo, considerando a tendência de redução das populações nos últimos anos, a espécie segue listada na categoria “Quase Ameaçada”.