Duas décadas de captura dos botos para entender sua biologia

Em janeiro de 1994, ocorreu a primeira expedição científica para capturar botos amazônicos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – RDSM, visando o aumento do conhecimento desses golfinhos. Na ocasião, nove botos-vermelhos foram marcados, medidos e pesados; além da coleta de material biológico para diferentes tipos de análises; importantes para se entender a biologia da espécie.

Desde então, todo mês de novembro, o evento acontece e toda a equipe do projeto, entre pesquisadores, estudantes e pescadores, mobiliza-se para o sucesso da atividade. Esse ano, 47 animais foram capturados e o projeto atingiu a marca de 603 animais marcados, em duas décadas de pesquisa. A peculiaridade dessa edição de captura foi a quantidade de fêmeas grávidas e com filhotes.

Um dos animais capturados foi uma fêmea adulta que recebeu a marca “Y”. Ela foi capturada pela primeira vez na década de 90, mediu 194 cm e pesou 77 kg e estava aparentemente grávida. Em 2004, foi recapturada com um filhote macho de 26 kg e 110 cm de comprimento. Hoje, está com mais de 30 anos. É a única sobrevivente do grupo de nove animais capturados em 1994. O projeto conseguiu observar, por meio dessas capturas e monitoramentos sistemáticos, que a “Y” teve cinco filhotes machos e todos estão vivos. Ela é uma exceção, comparada a outras fêmeas. Mais de cinqüenta demais fêmeas observadas, têm filhotes intercalados. A impressão dos pesquisadores é que as mães precisam de muita energia para gerar um filhote macho, por isso, geralmente a próxima gestação é de uma fêmea, para garantir o tempo necessário de refazimento da parturiente.