Captura de botos no Reservatório da UHE Balbina é realizada para coleta de dados

A atividade de captura faz parte das ações do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, que é patrocinado pela Petrobras, e visa coleta de material biológico e marcação dos animais para monitoramento

Por Fernanda Farias (texto e foto)/Ampa

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Manaus – Com o objetivo de verificar o estado de saúde dos botos-vermelhos que vivem no lago de Balbina, município de Presidente Figueiredo (130 km da capital do Amazonas), a equipe do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, realizou no mês de março a captura de 12 animais para marcação destes e coleta de material biológico para análise.

A ação foi coordenada pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), Vera da Silva e envolveu veterinários, biólogos, pescadores, e o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) através da gestão da REBio Uatumã, na pessoa do Gestor Gilmar Klein.

A coordenadora do Projeto explica sobre a importância da atividade para a conservação. “Essa região do reservatório de Balbina tem uma população de botos que foi isolada dos demais animais daquela região desde que a barragem foi construída, cerca de 30 anos atrás, e por isso a captura é de extrema importância para entendermos, por exemplo, o comportamento destes animais. Após a coleta do material biológico conseguiremos saber, também, como os botos evoluíram do ponto de vista genético”, explica a pesquisadora.

O Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, é executado pela Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e tem como principal parceiro o Inpa.

Captura ajuda nas pesquisas para conservação

A primeira expedição científica para capturar os botos da Amazônia, ocorreu em 1994, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – RDSM, com intuito de conhecer mais os golfinhos da Amazônia. Na ocasião, nove botos-vermelhos foram marcados, medidos e pesados; além da coleta de material biológico para diferentes tipos de análises; importantes para se conhecer a biologia da espécie.

“Desde então, todo ano a atividade acontece e toda a equipe do Projeto, entre pesquisadores, estudantes e pescadores, mobiliza-se para realizar a atividade”, disse a pesquisadora do Inpa sobre o Projeto Boto que é realizado na RDS Mamirauá.

Espécie ameaçada

A dois passos da classificação de “extinto”, o boto-vermelho foi reclassificado em 2018 na lista de animais ameaçados de extinção da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Antes a espécie estava listada como ‘dados insuficientes’ e agora está entre os animais classificados como ‘em perigo’.

Para reavaliar o status desse golfinho da Amazônia na lista vermelha, a IUCN contou com os dados de pesquisas do Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Inpa coordenado pela pesquisadora Vera da Silva, em parceria com outras instituições de pesquisas do Brasil e do Mundo.

Para monitoramento dos animais capturados, são feitas marcações com letras e números para identificação dos indivíduos. Estas marcações permitem o registro de presença destes animais nas águas, quando o mesmo sobe a superfície para respirar ou interagir de algumas maneira. Os registros são feitos visualmente e, quando possível, também por fotografias.

Lista vermelha

A lista vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN classifica as espécies em nove grupos definidos por critérios rigorosos que incluem taxa de declínio da população; tamanho e distribuição da população; área de distribuição geográfica, grau de fragmentação e intensidade das ameaças.

“Em perigo” é a categoria que evidência que a espécie provavelmente será extinta em um futuro próximo, se nada for feito para impedir. Segundo a IUCN, este é o segundo estado de conservação mais grave para as espécies na natureza.